data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
O presidente da Fundação Eny, Guido Cechella Isaia, morreu na noite desta terça-feira. Isaia tinha 83 anos e estava internado desde 16 de setembro no Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo. A causa da morte ainda não foi divulgada. A morte foi confirmada pelas assessorias de comunicação do hospital e das Casas Eny.
Em 2020, ele foi patrono da Feira do Livro, que ocorreu em formato digital. Também fotografou diversos espetáculos da escola de Teatro Leopoldo Froes.
INFÂNCIA E FAMÍLIA
Guido foi um dos sete filhos de Salvador Isaia e Edith Cechella Isaia. Além dele, o casal teve os filhos Iolanda, Salvador Junior, Suzana, Geraldo, Inês e Rafael. Ele tinha orgulho por ter morado a vida toda na mesma casa onde nasceu, pelas mãos de uma parteira, na Rua Silva Jardim.
Em conversa com a jornalista Marilice Daronco e a arquivista Luiza Haesbaert, em projeto da Fundação Eny, contou sobre a infância vivida em Santa Maria.
- Lá em casa, sabiam que tinham que estar de olho em mim, porque eu era danado e gostava de aplicar aquele meu super poder 'da curiosidade', que volta e meia me colocava em alguma encrenca. Era uma época maravilhosa, de tomar Cirilinha, buscar laranjas descascadas lá na fábrica, no Itararé, e de pular o muro para assistir o circo do Bidico, que se instalava perto de casa, na Floriano com a Silva Jardim - disse.
Isaia começou os estudos no Colégio Franciscano Sant'Anna, onde começou a estudar piano e acordeom. No Colégio Marista Santa Maria, ele cursou o Científico e, depois, o Ginásio. Em 1955, Isaia se formou contador. Foi no Sant'Anna que conheçou Norma Beatriz da Fonseca Isaia, com quem foi casado por 57 anos.
- A Norma não foi só meu amor de adolescência. Aqueles olhares que trocamos as primeiras vezes já me renderam um casamento, dois filhos, o Guido Junior e a Beatriz, e quatro netos, a Guida, o Simon, o Miguel e o Franco. O meu amor de escola é um amor para a vida inteira - já falou à Fundação Eny.
NEGÓCIOS
Isaia tinha apenas 15 anos quando o pai o chamou para ajudar na Eny. O trabalho inicial era ir com o carroceiro buscar as caixas de madeira que chegavam de trem na Gare, carregadas de calçados. Depois, tornou-se um grande parceiro de seu pai nos negócios.
- Estive ao seu lado em decisões como construir a Galeria do Comércio... Meu pai era um empreendedor, um visionário, não é à toa que até o Calçadão hoje leva o nome dele. Vi o número de lojas aumentarem. Chegamos a cinco. Ele diria que não se abriria mais do que isso, pois gostava de ficar de olho em tudo. Hoje, temos sete lojas, imagino o orgulho de meu pai - contou à Fundação.
FUNDAÇÃO ENY
Mas com Salvador Isaia não aprendeu apenas sobre os negócios, também teve importantes lições sobre solidariedade e integração com a comunidade. Foi assim que surgiu a fundação Eny, em 1994.
Com o avô Luiz Cechella, que era marceneiro, aprendeu a trabalhar com a serra, entalhando madeira. O outro avô, José Isaia, fotógrafo, fez o possível para manter a sua curiosidade distante dos seus equipamentos fotográficos, mas sem sucesso. Com o avô José e o pai, transformou a curiosidade pela fotografia em uma paixão.
- Fiz fotos de todo jeito, até lá do céu, aprendi até a pilotar. Às vezes fazíamos umas manobras que não podíamos, mas se não fossem elas, algumas fotos de Santa Maria hoje não existiriam - contava.
Ele e seu pai também fizeram registros fílmicos de Santa Maria e da família Isaia. Em 2017, eles foram digitalizados por meio de um projeto da Fundação Eny e disponibilizados no YouTube da Eny Calçados.
Isaia era também diretor da Casas Eny. Filho de Salvador Isaia, responsável por consolidar a empresa como uma das maiores do setor, ele também idealizou a Fundação Eny, que dispõe de um acervo histórico sobre Santa Maria com cerca de 22 mil fotos.
- Na verdade, eu sempre via a fotografia dessa forma. Justamente por isso, me preocupei em criarmos a fundação para que pudéssemos ter um local que reunisse essas imagens. Cada fotografia guarda uma história, então, quando se perdem fotografias, está se deixando que as histórias também se percam. Na verdade, eu e meu pai víamos as fotografias e os filmes dessa forma. Por isso, a partir dos anos 60,filmamos muitas imagens da cidade, da família e da empresa - disse em entrevista ao Diário em 2017.
Juntos, pai e filho fizeram filmes que retratam o passado do município. Alguns registros, feitos no alto do Edifício Mauá (na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Silva Jardim), mostram o movimento da cidade. Há, também, filmagens que relatam procissões e festas da Eny.
O velório de Guido Cechella Isaia vai começar restrito aos familiares às 10h desta quarta-feira. A partir de meio-dia, a cerimônia será aberta à comunidade e vai até as 16h na Capela Diamante da Angelus, na Avenida Hélvio Basso. O sepultamento será, logo após, no Cemitério Ecumênico Municipal.